Jovem adotado por holandeses vira detetive para buscar família em SP

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Enfermeiro de 28 anos, que nasceu em São Vicente, foi adotado quando tinha 2 anos. Muniz criou um canal no YouTube para procurar família que mora em São Vicente, no litoral de São Paulo
Reprodução/Facebook
Após passar a infância e adolescência se questionando sobre sua verdadeira identidade, aos 28 anos, Muniz dos Santos Araújo decidiu encontrar suas raízes, por conta própria, pedindo ajuda na internet. O jovem, que nasceu em São Vicente, no litoral de São Paulo, foi adotado por um casal de holandeses quando tinha dois anos. Mesmo sem saber falar português, Muniz criou uma rede de contatos com brasileiros que moram na Holanda e estão o ajudando nesse processo. Em seis meses, o rapaz já conseguiu algumas respostas.
Em entrevista ao G1, Muniz contou que foi colocado para adoção em 1995, mas que não tem informações sobre sua família. De acordo com ele, os documentos do processo dizem muito pouco sobre sua origem. “Lembro-me perfeitamente do orfanato, mas não tenho certeza se essas memórias são de fotos que possuo ou se foram eventos reais. Infelizmente, os documentos dizem muito pouco sobre a minha história, por isso, decidi pedir ajuda para encontrar a minha família biológica”.
O jovem, que é enfermeiro e mora na cidade de Groningen, na Holanda, relata que sua inspiração para encontrar a família veio após o nascimento de sua filha.
“Quando a minha filha nasceu, percebi que chegaria o dia em que ela ia perguntar de onde eu sou. Ela vai me perguntar de coisas que eu sempre quis saber, mas nunca recebi uma resposta. Decidi ir atrás dessas respostas, para não dar a ela o vazio que eu conheci na minha vida”.
Para compartilhar cada passo de sua descoberta, e encontrar pessoas que pudessem ajudar, Araújo criou um canal no YouTube e deu o nome de ‘Em Busca da Verdade’. Na plataforma, ele publica vídeos sobre as buscas e aproveita para mostrar sua ‘formação’ como brasileiro, conhecendo o samba e experimentando pratos típicos e bebidas do país com amigos brasileiros.
Ao compartilhar sua história nas redes sociais, Araújo conheceu quatro pessoas que possuem ligações com o Brasil, e que embarcaram na missão de encontrar a família biológica do rapaz. Um desses colegas é Adenilson Lopes, um policial especializado em buscas por famílias, que se oferece voluntariamente para ajudar pessoas nos Estados Unidos e Europa.
Muniz passou a compartilhar cada etapa de sua descoberta em vídeos no YouTube
Reprodução/Facebook
Buscas
Foi com a ajuda de Adenilson que Muniz conseguiu grande parte das informações que hoje tem sobre sua família. Em fevereiro, ele colocou Araújo em contato com a irmã de sua mãe, que passou informações importantes sobre sua origem. “Minha tia me disse tudo sobre minha história. Descobri que tenho 11 irmãos de diferentes pais. A história é que a minha mãe era garota de programa no passado, isso explica o porquê de eu ter muitos irmãos”.
Segundo Muniz, Adenilson também conseguiu descobrir que sua mãe, Gloria dos Santos Araújo, ainda está viva. O policial encontrou diversas informações sobre a família de Araújo, inclusive possíveis endereços onde parentes do rapaz podem estar morando em São Vicente. No entanto, muitos questionamentos ainda não foram esclarecidos.
Diante das descobertas, Muniz afirma que não pretende parar de procurar pela família, até conseguir todas as respostas. “Eu só tenho um objetivo, que é buscar respostas. Todos os dias eu recebo mais, e só vou parar quando puder dizer que renasci como brasileiro. E poderei dizer com orgulho à minha filha que ela é uma latina viva, do lindo país Brasil”.
Canal ‘Em Busca da Verdade’ compartilha detalhes sobre a descoberta da família biológica de Muniz
Reprodução/YouTube
Infância na Holanda
Segundo Muniz, sua infância foi regada a bons e maus momentos, mas nada pessoalmente ligado a seus pais adotivos. Araújo conta que, aos 10 anos, começou a ficar ‘grosso’, por não saber muito sobre si mesmo. Na adolescência, ficou rebelde e teve problemas de afeto, ao ponto de seus pais não conseguirem segurá-lo em casa.
“Eu acabei em um lugar insalubre e tive contato com álcool e drogas. Fugi de casa quando tinha 13 anos. Quando completei 19, me tornei mais sensível e comecei a estudar. Agora, tenho uma boa relação com meus pais adotivos”, conclui.
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