Covid-19: vereadores de Uberlândia fazem projetos para nominar ruas da cidade em homenagens as vítimas da doença

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Levantamento realizado pelo G1, aponta que pelo menos 25 pessoas que faleceram em decorrência da Covid-19 em Uberlândia podem ter o nome estampado em ruas, avenidas, rotatórias, praças e campos de futebol na cidade. Panorama Uberlândia
Daniela Nogueira/G1
Choro, dor, luto e até revolta. Esses são alguns dos sentimentos experienciados por familiares e amigos de quem deixa essa vida. Depois da partida de quem se ama, é comum que quem fica queira manter memorias vivas e dar continuidade a alguns trabalhos daquele que se foi.
Uberlândia, até este domingo (15), soma 2.895 mortes por Covi-19. Óbitos que não são apenas números em uma estatística. São pessoas, conhecidas e anônimas, mas amadas por muitos. Vidas interrompidas por uma doença que já tem vacina, apesar da imunização ainda não ter alcançado a todos. Muitas dessas vidas, inclusive, poderiam não estar nessa soma se a vacinação no Brasil não tivesse ocorrido de forma tardia.
Todos tem nomes, rostos e uma história. Foram seres humanos cheios de feitos individuais, entre família e ate para toda comunidade uberlandense. Alguns que tiveram uma grande relevância para a sociedade agora também são homenageados por vereadores de Uberlândia com indicação de seus nomes para endereços públicos na cidade.
Um levantamento realizado pelo G1, aponta que pelo menos 25 pessoas que faleceram em decorrência da Covid-19 em Uberlândia podem ter o nome estampado em ruas, avenidas, rotatórias, praças e campos de futebol na cidade. São tributos realizados por parlamentares ao lado das famílias. Confira mais abaixo um pouco da história de vítimas da Covid-19 homenageadas.
“Considero que é uma iniciativa nobre em homenagem e respeito à memória das vítimas dessa doença que tanto nos causa dor e sofrimento”, afirmou o vereador Raphael Leles (DEM), que tem um projeto em elaboração em homenagem a uma vítima do coronavírus.
Parte desses projetos foram protocolados na Câmara de Uberlândia, mas ainda não discutidos. Alguns receberam a aprovação da Casa e aguardam a sanção do Executivo. Outros já foram sancionados e, oficialmente, essas vítimas já nomeiam endereços públicos. Outros ainda estão em fase de elaboração para serem apresentados ao Legislativo. Veja na tabela abaixo a situação das propostas.
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Critérios para nomes de ruas em Uberlândia
Segundo a assessoria de imprensa da Câmara de Uberlândia, para indicar nomes para endereços públicos é necessário seguir alguns critérios impostos, como a relevância do homenageado para a sociedade uberlandense. Conforme a Casa, o fato de ter morrido em decorrência da Covid-19 por si só não pode ser uma justificativa para nominar logradouros públicos.
Histórias dos homenageados
Apóstolo Oliveira: criador da igreja Monte Sinai em Uberlândia, e ajudou a abrir varias igrejas na cidade. Foi um homem de Deus que deixou muitas saudades.
Cora Pavan Caparelli
Reprodução/ TV Integração
Cora Pavan: a musicista Cora Pavan Caparelli foi referência das artes e da música em Uberlândia. Foi uma das fundadoras do Conservatório Estadual de Música de Uberlândia, que leva o nome dela, utilizando recursos próprios. Foi a primeira musicista diplomada da cidade. A pianista foi também precursora do Ensino Superior de Música e Artes Plásticas, cursos que depois deram origem à Faculdade de Artes de Uberlândia. Ela foi regente de corais, também atuou na Associação Pró-Música e realizou o Festival de Cordas, que reunia em cada edição nomes importantes da música erudita. Foi professora, ativista pelo acesso à educação, à cultura e deixou um legado de mais de 60 anos de trabalho incansável pelos direitos culturais no município.
Coronel Wesley Rodrigues Rosa: natural de Frutal, comandou unidades da Polícia Militar em Uberaba e estava à frente do comando do 17º Batalhão de Polícia Militar (17º BPM) em Uberlândia antes de ser promovido a comandante da 10ª Região de Polícia Milita (10ª RPM), com sede em Patos de Minas, em janeiro de 2021.
Coronel Wesley Rodrigues Rosa
Polícia Militar/Divulgação
Divino Narcizo de Oliveira (Divininho): prestou relevantes serviços a sociedade esportiva de Uberlândia, inclusive ao time do Bairro Santa luzia e outros. Ajudou na construção do Poliesportivo Santa luzia, foi membro da Diretoria em várias gestões.
Dr. Carlos Robson Alarcão Carisio: foi o primeiro residente de neurocirurgia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde trabalhou incansavelmente por muitos anos. Fundou em setembro de 2005 a “Nossa Clínica”, a primeira clínica popular em Uberlândia.
Giomar Antônio Gonçalves Silva (Juliano): o Juliano da dupla “Paulo Cesar e Juliano”, formada com o irmão Antônio. Cantando no grupo de jovens e na comunidade do bairro em Uberlândia, logo teve seus talentos reconhecidos e a música se tornou o seu ganha pão. Conquistaram um enorme público e também vários amigos por onde passaram em Uberlândia e região durante os mais de 20 anos de carreira. Por conta da pandemia, em 2020 tiveram que dar uma pausa. Se adaptaram e se reinventaram, fizeram grandes lives, brindando a todos com muita alegria e boa música. Juliano deixou um grande legado de humildade, honestidade, bondade e um talento que jamais será esquecido, além de uma história com músicas maravilhosas.
Graciemilia Ferreira Silva: advogada, negra, ocupou presidências de comissões na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e era militante do movimento negro e cultural em Uberlândia.
Hugo Spini: trabalhou como comerciante durante toda a vida, tendo fundado a Irmãos Spini (Spini Parafusos e Ferragens) com o irmão Sérgio Spini, em 1970, e na qual trabalhou por cerca de 25 anos, viajando por todo o Brasil levando mercadorias aos clientes. Foi Diretor de Esportes do Praia Clube e membro do Conselho do Uberlândia Esporte Clube (UEC). Amava todo tipo de esporte, tendo implementado várias modalidades quando Diretor do Praia Clube, fomentando a prática esportiva (Judô, basquete, natação, peteca, tênis, futebol de salão, futebol de grama, tênis de mesa) e colocando os esportistas do Clube em competições regionais e nacionais. Serviu a comunidade através da Pastoral da Igreja na Catedral Santa Teresinha, servindo por anos como voluntário nos trabalhos de arrecadação de fundos através de festas.
João Cleber Lino
Reprodução/TV Integração
João Cleber Lino: foi repórter cinematográfico por 11 anos na TV Integração, entre 1994 e 2005. Também atuou por 10 anos na TV Paranaíba e foi servidor da Câmara Municipal de Uberlândia, atuando na TV Câmara.
Jornalista Alberto Augusto de Oliveira: arrumou emprego no Correio de Uberlândia dobrando os jornais e fazia entregas também levando de bicicleta os pacotes para os Correios distribuírem na cidade. Aos poucos, foi crescendo até começar a redigir colunas e artigos. Foi eleito presidente do jornal O Triângulo. Foi um dos melhores e mais preparados jornalistas da história de Uberlândia cuja isenção, responsabilidade e apuro com os princípios do bom jornalismo eram marcas registradas da profícua trajetória profissionais. Pessoa humana preocupada em levar informação séria e de qualidade, diariamente para todos.
Lucas Kristhen Muniz: participava do terceiro setor em Uberlândia por meio da ONG Escola da Vida, além de trabalhar com inovação e empreendedorismo.
Maristela Gomes De Souza: iniciou seu amor pela educação aos 14 anos ajudando em escolas infantis. Posteriormente, graduou-se e especializou-se em pedagogia e educação especial pela UFU. Trabalhou em diversas escolas, dentre elas particulares, municipais e estaduais. Em cada escola que ela atuava deixava seu legado de bondade e amor pela profissão. Em 2016 assumiu como Diretora no Emei Jean Piajet, cargo que exercia quando faleceu. Durante a pandemia, ela continuou as atividades normais, não medindo esforços e tempo servindo a escola e a comunidade, não só trabalhando na direção, mas também em todo apoio familiar dos alunos.
Pastor Edson Antônio da Silva: cristão protestante, pastoreava a igreja Assembleia de Deus, trabalhou no departamento Secretaria de Missão aos Povos (Semap), prestou um relevante serviço à comunidade uberlandense, nos âmbitos social e espiritual. Trabalhou em prol do social na comunidade.
Pastor Guerino Damis: teve a função de evangelização pela Igreja Assembleia de Deus, atuou como professor no colégio Rene Gianetti. Deixa um legado de bom filho, bom irmão, bom marido. Teve uma vida exemplar pautada na honra e honestidade e deixou esse legado para todos que a conheceram.
Pastor José Marcelo Araújo de Andrade: por anos se dedicou ao ministério e foi um pastor exemplar, carregou por muito tempo a igreja em seus ombros, perdeu noites de sono orando por cada um dos membros e se fez presente na vida de todos de uma forma intensa. Homem íntegro e cheio de Deus que deixou um legado de amor, cumplicidade e amizade por onde andou.
Pastor Marcondes Nascimento: constituiu a empresa Pirâmide Materiais de Construção exercendo, por maios de 30 anos, a atividade empresarial, recebendo diversos títulos e condecorações; contribuiu ativamente para o desenvolvimento de diversos bairros de Uberlândia, entre eles, o Santa-Mônica, aonde ficava situada a empresa. Passou a congregar na Assembleia de Ministério de Madureira em Uberlândia e foi ordenando a pastor, passou a ser o pastor regional da Assembleia de Deus Ministério de Madureira. Foi empossado como pastor presidente pela junta interventora da Conamad. O campo, partir da gestão do Pastor Marcondes Nascimento, passou a ter um amplo crescimento. Durante todo o período, seja como pastor e empresário, participou ativamente de diversas atividades sociais na cidade, ajudando diversas pessoas que necessitavam não só de suporte espiritual, mas também material.
Reino Arruda: contribuiu grandemente para o desenvolvimento da cidade de Uberlândia. Trabalhou na Prefeitura de Uberlândia, foi técnico de Rede, programador de computador sênior e operador de computador júnior na Prodaub, além de assistente administrativo, sempre atendendo a população de Uberlândia com dedicação.
Rogério Ananias Barreiros Silva: é uma pessoa querida nesta cidade, pois sempre estava pronto em ajudar as pessoas. Durante sua trajetória profissional atuou junto as Forças de Combate ao Crime Organizado (Ficco), sendo um idealista, pois acreditava no ser humano e combatia o crime de modo invejável, além de ser bacharel em Direito. Deixou um legado que prossegue com o Instituto Rogério Ananias, uma associação civil sem fins lucrativos voltada para a ajuda de famílias em situação de vulnerabilidade.
Sargento Alexandre Alves Monteiro: ingressou como soldado na PM de Uberlândia, onde se aposentou com a patente de 1º sargento. Durante a carreira policial foi agraciado com diversos elogios individuais e notas meritórias, assim como recebeu duas medalhas de grande relevância na tropa. Trabalhou na Rotam, no canil da PM e no final da carreira servia na 148ª Cia do 17º BPM.
Valteir Lúcio da Costa: durante sua trajetória laborativa executou atividades no aeroporto de Uberlândia, empresa de transporte coletivo Sorriso, Emig, Mildo Alves e, por último, estava trabalhando na Prefeitura de Uberlândia. Era uma pessoa engajada no exercício de suas funções laborativas e era querida na sociedade.
Vereadora Drika Protetora: protetora e ativista da causa animal por 38 anos. O primeiro resgate. Participou de trabalhos voluntários com crianças e pessoas carentes. Foi professora de inglês, foi comerciante durante vários anos no ramo de alimentação. Fundou a ONG “Mão Amiga”, onde atendia cidadãos doando fraldas, remédios, cesta básica e oferecendo apoio psicológico e jurídico. Também arrecadava ração para a Associação de Proteção Animal (APA), que presidiu em 2012. As principais bandeiras dela foram a causa animal, os menos favorecidos e combate à pedofilia. Em 2021 tomou posse como vereadora de Uberlândia eleita em 2020.
Drika Protetora, vereadora em Uberlândia
Reprodução/Instagram
Drika Protetora
Rua destacada em amarelo é o novo endereço destinado à homenagem da vereadora Dika Protetora em Uberlândia
Vereador Dudu Luiz Eduardo/Divulgação
A nomeação de uma rua em Uberlândia em tributo à ex-vereadora Drika Protetora apresentou problemas após o projeto apresentado pelo Dudu Luiz Eduardo ter sido aprovado na Câmara. O Executivo vetou a proposta porque a rua indicada já havia sido nomeada. A explicação foi um erro cometido pela Secretaria de Trânsito e Transportes (Settran).
Contudo, uma nova rua já foi disponibilizada para a homenagem à Drika Protetora. Segundo o parlamentar Dudu Luiz Eduardo, o novo projeto já foi protocolado na Casa.
“A nova rua disponibilizada pela Settran é maior que a anterior e aproveitados o novo projeto para fazer uma pequena alteração para que a rua se chama Vereadora Drika Protetora. Adionamos ‘vereadora’ ao nome porque, segundo a família, era um sonho dela e ela batalhou muito por isso. Infelizmente, ficou muito pouco tempo no cargo, mas é digna de toda homenagem”, afirmou Dudu.
Na imagem acima, a rua destacada em amarelo (1E2-03) é o novo logradouro que deve receber o nome Vereadora Drika Protetora se o projeto for aprovado na Câmara e sancionado pelo Executivo. Já a circulada em azul (1E3-05) foi a rua do primeiro projeto apresentado que foi vetado pelo Município por causa do erro interno. Ambos endereços são no novo loteamento no Bairro Luizote de Freitas.
Outros tributos a vítimas de Covid-19 em Uberlândia
Além de proposições para nomear endereços em homenagens a vítimas de Covid-19, a Câmara de Uberlândia e também a Prefeitura realizaram outros tributos àqueles que se foram por causa do coronavírus.
Um projeto do prefeito Odelmo Leão (PP) indicou o nome do ex-deputado estadual Luiz Humberto para o Sistema Capim Branco. Falecido em abril deste ano, Luiz Humberto também nomeia uma comenda criada pelo Legislativo para reconhecimento de trabalhos em prol do agronegócio do município.
Outras duas comendas também foram criadas pela Câmara para homenagear mais duas vítimas da doença. A Comenda Drika Protetora reconhece os trabalhos de pessoas e entidades em prol dos animais abandonados e em situação de vulnerabilidade. Já a Comenda João Cleber Lino homenageia profissionais da comunicação.
Foi criando, ainda, o ‘Dia Municipal em Memória das Vítimas Fatais da Covid-19’.
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