MP chileno abre investigação sobre protesto contra venezuelanos

schimtz
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Cerca de 3.000 pessoas foram às ruas de Iquique, no norte do Chile, para se manifestar contra imigrantes irregulares. Grupo se dirigiu a acampamento de venezuelanos e queimou pertences como barracas, colchões, bolsas e cobertores. No sábado (25), cerca de 3.000 pessoas foram às ruas de Iquique, no Chile, para protestar contra imigrantes venezuelanos
REUTERS/Alex Diaz
O Ministério Público do Chile abriu investigação sobre o protesto contra imigrantes venezuelanos em situação irregular. A manifestação na cidade de Iquique reuniu cerca de 3.000 pessoas.
Em cartazes, os manifestantes exibiam lemas como: “Chega de imigração ilegal” e “O Chile é uma república que se respeita”. Um grupo se dirigiu a um pequeno acampamento de venezuelanos – que não estavam no local – e queimou barracas, colchões, bolsas, cobertores e brinquedos.
A promotora Jócelyn Pacheco, da cidade de Iquique solicitou que a Polícia de Investigações investigue os fatos ocorridos. A decisão foi comunicada neste domingo (26) pelo perfil no Twitter do Ministério Público da região de Tarapacá, onde fica Iquique.
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Pacheco também “dispôs de medidas de proteção para as vítimas”, cerca de 16 imigrantes, entre eles crianças e idosos, que tiveram que fugir com o pouco que conseguiram salvar e pernoitar nas ruas e praias de Iquique.
Chilenos queimam pertences de imigrantes venezuelanos em Iquique no sábado (25)
REUTERS/Alex Diaz
“Ontem me senti muito assustada com tanta xenofobia. As crianças choravam e me diziam: ‘Mamãe, vamos nos esconder, vamos nos esconder'”, disse à AFP Jenny, uma mulher de 34 anos, acompanhada de seus cinco filhos, um neto, um genro e a mãe dele.
“Alguns dos manifestantes gritavam mandando que voltássemos para o nosso país, mas a polícia bloqueou as ruas para nos proteger”, contou. A família está juntando dinheiro para ir a Santiago, quase 2.000 km ao sul.
O protesto violento em Iquique ocorreu depois que a Polícia desalojou na sexta-feira (24) uma praça onde famílias de migrantes com crianças acampavam, em meio à crescente crise migratória na região.
Milhares de venezuelanos sem documentos cruzam a fronteira entre a Bolívia e o Chile por passagens não habilitadas no inóspito Altiplano, pondo em risco suas vidas. Cerca de 11 imigrantes morreram nesta rota no último ano.
Condenação da violência
Os fatos ocorridos em Iquique foram condenados por organismos como a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) e o relator especial das Nações Unidas sobre os direitos humanos dos migrantes, Felipe González.
González qualificou o incidente como uma “inadmissível humilhação contra migrantes especialmente vulneráveis”.
Manifestantes tomaram as ruas de Iquique, cidade a cerca de 2.000 km da capital Santiago, no sábado (25)
REUTERS/Alex Diaz
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) manifestou, por sua vez, “sua preocupação com a situação que estão vivendo meninos, meninas e adolescentes imigrantes em Iquique e pede ao Estado para garantir e proteger seus direitos, cumprindo desta forma com os tratados internacionais assinados pelo país”.
Vinte e quatro organizações de ajuda aos imigrantes, de direitos humanos e a Associação Venezuelana no Chile também condenaram os ataques e pediram ao governo soluções reais para a questão migratória no norte chileno.
As organizações pedem que o governo chileno garanta abrigos em condições sanitárias adequadas, atendimento de saúde, alimentação e o início de processos de regularização para os imigrantes.

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