O retorno de uma renovada seleção brasileira feminina

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Pia Sundhage pôde, finalmente, ir a campo com sua equipe após a eliminação amarga nos Jogos de Tóquio. E o que vimos neste recorte de dois jogos, contra uma frágil Argentina, foi uma seleção brasileira com muitas caras novas e jovens, jogando com algo próximo da organização já conhecida, muito superior contra a rival continental e com qualidades e problemas a serem pontuados.

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Apesar de dois jogos abaixo do nível de exigência apresentados em Tóquio, em vitórias por 3 a 1 e 4 a 1, Pia colocou em prática antigas convicções e comprou novas apostas, abrindo um pouco o seu leque de variações já conhecidas.

O sistema de jogo foi o mesmo dos últimos dois anos, o 4-4-2, que também pode ser interpretado como um 4-2-3-1, já que Marta atuou mais avançada, mas com total liberdade pela zona ofensiva. Liberdade, aliás, que a treinadora sueca ofereceu a todo o quarteto ofensivo em ambos os jogos.

As principais apostas de Pia foram Letícia (Benfica) no gol; Antônia (CFF Madrid), aproveitada como zagueira e lateral direita; Duda (São Paulo FC), que atuou como volante, ao lado de Angelina (OL Reign), além de Debinha (Courage), jogando como meia esquerda, posição de origem em seu clube.

Kerolin foi testada como meia direita em ambos os jogos, enquanto Marta esteve mais avançada no ataque, posição onde a rainha do futebol chegou a ser testada no início da “Era Pia”, mas pouco jogou durante este período completo. Nycole Raysla (Benfica) também ganhou muitos minutos como centroavante.

Outras jogadoras também receberam suas primeiras oportunidades na seleção principal como a lateral direita Bruninha (Santos FC), as laterais esquerdas Katrine (Palmeiras) e Yasmim (Corinthians), a zagueira e volante Thais Ferreira (Palmeiras) e a zagueira Lauren (São Paulo FC).

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Principais destaques individuais

Nycole foi um dos destaques –Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação

Nycole, teve o melhor desempenho dentre todas as principais novidades. Com sua qualidade técnica, movimentação e presença de área, conseguiu melhorar a dinâmica ofensiva brasileira sempre que esteve em campo.

Angelina ainda surpreende pela maturidade mesmo sendo tão jovem, atuou como se vestisse a camisa titular há anos e demonstrou, assim como na Olimpíada, que é uma jogadora confiável e de muito futuro. Yasmim somou nos seus primeiros 7 minutos em campo, marcou um gol e deu uma assistência com a camisa canarinho. Equilibrada e segura, largou bem na briga pela vaga de primeira suplente de Tamires, titular da lateral esquerda de Pia.

Apesar de um jogo ruim em sua primeira partida, ao lado de Nycole no segundo jogo, Marta reencontrou seu bom futebol sendo participativa e decisiva (fato que pode somar ainda mais pontos a favor da jovem atacante do Benfica). Bruninha fez ótimos 90 minutos em sua estreia e ainda deu uma assistência em um dos gols. Podemos citar também Antônia que foi a melhor dentre as zagueiras em ambos os jogos.

Ponderações e pontos a melhorar

Estreantes também oscilaram entre bons e maus momentos –Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação

Algumas jogadoras também oscilaram, caso de Duda que nas transições ofensivas foi muito bem, mas se posicionando e nos momentos de construção das jogadas deixou a desejar. Erika e Daiane oscilaram acima do esperado para jogos deste nível, mas a falta de entrosamento pode ser apontada como a principal causa.

Já Lauren teve uma estreia infeliz, no jogo onde teve a sua oportunidade, falhou grosseiramente em um dos gols, fato que visivelmente a afetou para o restante da mesma partida, ainda assim, é um nome que não pode sair do radar da seleção principal devido ao seu grande potencial. Vic e Ary se mostraram bem ambientadas, mas tiveram pouco destaque individual e coletivo.

Importante salientar que não se pode ignorar que tanto o adversário de nível bem inferior ao Brasil, quanto a grande quantidade de testes no escrete canarinho, são fatores que influenciam em nossa análise. Todavia, percebemos uma equipe com alguns problemas antigos, mas pouco explorados pelas rivais e qualidades já conhecidas também. Pia demonstra antigas convicções, porém numa tentativa repaginada de rejuvenescer e potencializar o que já existe.

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