‘The Masked Singer’ supera audiência das Olimpíadas com breguice retrô

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O ano era 2000, e Gugu Liberato superava o seu arqui-inimigo televisivo Faustão no Ibope com um episódio deveras peculiar: o apresentador revelaria a verdadeira face de Mister M, o mágico mascarado que atiçou a curiosidade do público da TV aberta na época. A tática não era lá tão inovadora, mas bastante eficaz. Lá nos anos 80, Chacrinha já arrebanhava espectadores com o quadro Cantor Mascarado — que teve ninguém menos que Roberto Carlos na estreia. Corta para 2021. A Globo exibiu nesta terça-feira, 10, o primeiro capítulo de The Masked Singer Brasil, no qual personalidades fantasiadas da cabeça aos pés cantam, enquanto um grupo de jurados, também formado por celebridades, tenta acertar quem é a persona dentro do figurino digno de buffet de festa infantil.

Apesar da breguice e da eterna reciclagem de um formato que pode até ser enquadrado como “retrô”, o programa repetiu por aqui o sucesso que faz em suas versões lá fora: em São Paulo, a atração marcou 21 pontos de média, crescendo 3 pontos (+17%) em comparação à média da mesma faixa nas quatro semanas anteriores, quando a emissora exibia as Olimpíadas de Tóquio. No Rio, o número ficou em 26 pontos, quatro a mais do que nas semanas anteriores. Com isso, The Masked Singer ficou à frente de programas como Masterchef, da Band, do reality Ilha Record e até do clássico paulista São Paulo x Palmeiras pela Libertadores da América, exibido pelo SBT.

Mas por que um cantor se submeteria a isso? São muitas as possíveis respostas, mas a melhor já foi dita logo na estreia por um… cachorro-quente. Interpretando em rede nacional o pagode Sai da Minha Aba, sucesso do grupo Só Pra Contrariar, Sidney Magal foi logo descoberto como a voz por trás da salsicha. Antes “crush da mulherada”, como a apresentadora Ivete Sangalo lembrou — ao que Magal corrigiu: “eu era o tesão da mulherada” —, o cantor se despiu de qualquer charme viril ao participar do programa por causa, segundo ele, de sua neta de 1 ano e 5 meses. Ao falar sobre ela, Magal se emocionou e acabou derramando lágrimas portentosas enquanto segurava sua sainha de batata frita.

Versão brasileira do programa King of Mask Singer, que estreou na Coreia do Sul em 2015 e já tem várias adaptações pelo mundo, Masked Singer Brasil entretém de uma forma estranhamente magnética. E se os jovens da Geração Z não tiveram a chance de ver Gugu, muito menos Chacrinha, em ação, agora eles ganham uma versão repaginada das bobagens da TV aberta com um ponto extra: enquanto o programa é exibido, eles correm para o Twitter, criando uma comunidade de espectadores tentando descobrir quem é o unicórnio que mandou vários falsetes cantando Shallow, ou o coqueiro super-simpático que encantou dançando Atrasadinha, de Felipe Araújo.

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