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Documentos vazados parecem revelar novo problema interno do Facebook: o descontentamento de funcion\u00e1rios. Documentos vazados parecem revelar novo problema interno do Facebook: o descontentamento de funcion\u00e1rios
\nRichard Drew\/AP
\nO Facebook enfrentou nos \u00faltimos dias uma s\u00e9rie de acusa\u00e7\u00f5es sobre seu funcionamento interno, ap\u00f3s revela\u00e7\u00f5es do jornal americano Wall Street Journal e de outros ve\u00edculos.
\nMuitas das informa\u00e7\u00f5es v\u00eam de pr\u00f3prios documentos internos do Facebook, sugerindo que pessoas de dentro da empresa est\u00e3o vazando informa\u00e7\u00f5es para a imprensa.
\nOs documentos representam bastante trabalho para governos e reguladores, que ter\u00e3o de analisar tudo que foi revelado e considerar quais medidas tomar, se forem cab\u00edveis.
\n O Facebook se defendeu de todas as acusa\u00e7\u00f5es feitas na imprensa.
\nFacebook \u00e9 questionado devido a poss\u00edvel risco \u00e0 privacidade em \u00f3culos inteligentes
\nAqui est\u00e3o cinco informa\u00e7\u00f5es que foram reveladas nos \u00faltimos dias:
\nCelebridades foram tratadas de forma diferente pelo Facebook
\nDe acordo com reportagem do Wall Street Journal, muitas celebridades, pol\u00edticos e usu\u00e1rios de alto n\u00edvel do Facebook eram submetidos a regras diferentes sobre o conte\u00fado que podem postar, em um sistema conhecido como XCheck (verifica\u00e7\u00e3o cruzada).
\nUma das celebridades citadas pelo jornal americano foi o jogador de futebol Neymar.
\n“Em 2019, foi permitido que o astro do futebol internacional Neymar mostrasse fotos de uma mulher nua, que o acusou de estupro, para dezenas de milh\u00f5es de f\u00e3s antes que o conte\u00fado fosse removido pelo Facebook.”
\nAs regras do Facebook estipulam que as fotos de nudez n\u00e3o autorizadas devem ser exclu\u00eddas, e que as pessoas que as publicam devem ter suas contas exclu\u00eddas. Mas a conta de Neymar n\u00e3o foi exclu\u00edda. Um porta-voz de Neymar disse ao Wall Street Journal que o atleta segue as regras do Facebook e n\u00e3o comentou o caso em mais detalhes.
\nO Facebook admitiu que as cr\u00edticas \u00e0 maneira como implementou seu sistema de verifica\u00e7\u00e3o cruzada s\u00e3o “justas” \u2014 mas disse que o sistema foi projetado para criar “uma etapa adicional” quando o conte\u00fado postado exige maior compreens\u00e3o.
\n“Isso pode incluir ativistas que est\u00e3o alertando para casos de viol\u00eancia ou jornalistas fazendo reportagens em zonas de conflito”, diz o Facebook.
\nO Facebook afirma que muitos documentos citados pelo Wall Street Journal continham “informa\u00e7\u00f5es desatualizadas e costuradas juntas para criar uma narrativa que encobre o ponto mais importante: o pr\u00f3prio Facebook identificou os problemas com verifica\u00e7\u00e3o cruzada e vem trabalhando para resolv\u00ea-los”.
\nApesar da nota, o pr\u00f3prio Conselho de Supervis\u00e3o (Oversight Board) do Facebook, que a empresa criou para tomar decis\u00f5es sobre modera\u00e7\u00e3o de conte\u00fado considerado complexo, exigiu mais transpar\u00eancia.
\nEm um post em um blog esta semana, o Conselho disse que as divulga\u00e7\u00f5es “atra\u00edram aten\u00e7\u00e3o renovada para a maneira aparentemente inconsistente como a empresa toma decis\u00f5es”.
\nO Conselho pediu uma explica\u00e7\u00e3o detalhada de como funciona o sistema de verifica\u00e7\u00e3o cruzada e alertou que a falta de clareza pode contribuir para a percep\u00e7\u00e3o de que o Facebook foi “indevidamente influenciado por considera\u00e7\u00f5es pol\u00edticas e comerciais”.
\nDesde que come\u00e7ou seu trabalho investigando como o Facebook modera o conte\u00fado, o Conselho de Supervis\u00e3o, financiado pelo Facebook, fez 70 recomenda\u00e7\u00f5es sobre como a empresa deve melhorar suas pol\u00edticas. Agora, o Conselho criou uma equipe para avaliar como a rede social implementa essas recomenda\u00e7\u00f5es.
\nComit\u00ea de supervis\u00e3o do Facebook quer explica\u00e7\u00f5es sobre sistema que isentaria personalidades de regras
\nA resposta do Facebook \u00e0s preocupa\u00e7\u00f5es dos funcion\u00e1rios sobre o tr\u00e1fico de pessoas foi muitas vezes ‘fraca’
\nOs documentos relatados pelo Wall Street Journal tamb\u00e9m sugeriam que os funcion\u00e1rios do Facebook frequentemente alertavam para cart\u00e9is de drogas e traficantes de pessoas presentes na plataforma, mas que a resposta da empresa foi “fraca”.
\nEm novembro de 2019, a BBC News Arabic, servi\u00e7o de not\u00edcias em \u00e1rabe da BBC, fez uma reportagem chamando aten\u00e7\u00e3o para a compra e venda de trabalhadoras dom\u00e9sticas no Instagram.
\nDe acordo com documentos internos, o Facebook j\u00e1 tinha conhecimento do assunto. O Wall Street Journal relatou que o Facebook tomou apenas pequenas medidas, at\u00e9 que a Apple amea\u00e7ou remover seus produtos de sua App Store.
\nEm sua defesa, o Facebook disse ter uma “estrat\u00e9gia abrangente” para manter as pessoas seguras, incluindo “equipes globais com pessoas fluentes em idiomas locais cobrindo mais de 50 l\u00ednguas, recursos educacionais e parcerias com especialistas locais e verificadores terceirizados”.
\nOs cr\u00edticos alertam que o Facebook n\u00e3o tem meios para moderar todo o conte\u00fado de sua plataforma e proteger seus 2,8 bilh\u00f5es de usu\u00e1rios.
\nDavid Kirkpatrick, autor do livro O Efeito Facebook, disse \u00e0 BBC que achava que o Facebook n\u00e3o tinha motiva\u00e7\u00e3o “para fazer nada para reparar danos” que acontecem fora dos EUA.
\n“Eles fizeram muitas coisas, incluindo a contrata\u00e7\u00e3o de dezenas de milhares de revisores de conte\u00fado”, disse ele.
\n“Mas uma estat\u00edstica que me chamou aten\u00e7\u00e3o nas reportagens do Wall Street Journal foi que, apesar de todo o trabalho deles contra desinforma\u00e7\u00e3o em 2020, apenas 13% disso aconteceu fora dos EUA. Para um servi\u00e7o que est\u00e1 90% fora dos EUA \u2014 e que teve um impacto enorme, de forma muito negativa, na pol\u00edtica de pa\u00edses como Filipinas, Pol\u00f4nia, Brasil, Hungria, Turquia \u2014 eles n\u00e3o est\u00e3o fazendo nada para remediar tudo isso.”
\nKirkpatrick acredita que o Facebook s\u00f3 “respondeu \u00e0s press\u00f5es de rela\u00e7\u00f5es p\u00fablicas” nos EUA porque elas poderiam afetar o pre\u00e7o de suas a\u00e7\u00f5es.
\nAlgoritmo do Facebook classifica v\u00eddeo com homens negros como imagem de primata
\nFacebook enfrenta um grande processo de acionistas
\nO Facebook tamb\u00e9m est\u00e1 enfrentando um processo complexo de um grupo de seus pr\u00f3prios acionistas.
\nO grupo alega, entre outras coisas, que o pagamento de US$ 5 bilh\u00f5es (cerca de R$ 26 bilh\u00f5es) do Facebook \u00e0 Comiss\u00e3o Federal de Com\u00e9rcio dos EUA para resolver o esc\u00e2ndalo de dados da Cambridge Analytica foi dessa magnitude apenas porque foi concebido para proteger Mark Zuckerberg de responsabiliza\u00e7\u00e3o pessoal.
\nO Facebook afirmou que n\u00e3o vai se manifestar sobre essa quest\u00e3o legal.
\nO Facebook tem promovido hist\u00f3rias positivas sobre si mesmo na plataforma?
\nEsta semana, o New York Times sugeriu que o Facebook havia criado uma iniciativa para injetar conte\u00fado pr\u00f3-Facebook nos feeds de not\u00edcias das pessoas, a fim de impulsionar sua pr\u00f3pria imagem.
\nO jornal disse que o Projeto Amplify foi concebido para “mostrar \u00e0s pessoas hist\u00f3rias positivas sobre a rede social”.
\nO Facebook disse que n\u00e3o houve mudan\u00e7as em seus sistemas de organiza\u00e7\u00e3o do feed de not\u00edcias.
\nEm uma s\u00e9rie de tu\u00edtes, o porta-voz da empresa, Joe Osborne, disse que o teste do que ele chamou de “uma unidade informativa no Facebook” foi pequeno e s\u00f3 aconteceu em “tr\u00eas cidades”, com postagens claramente rotuladas como sendo provenientes da empresa.
\nEle disse que a iniciativa foi “semelhante \u00e0s iniciativas de responsabilidade corporativa que as pessoas veem em outras tecnologias e produtos de consumo”.
\nO Facebook sabia que o Instagram \u00e9 ‘t\u00f3xico’ para os adolescentes
\nOutra revela\u00e7\u00e3o sobre o Facebook foi a descoberta de que a empresa havia conduzido uma pesquisa detalhada sobre como o Instagram estava afetando adolescentes, mas n\u00e3o compartilhou resultados que sugeriam que a plataforma \u00e9 um lugar “t\u00f3xico” para muitos jovens.
\nDe acordo com slides relatados pelo Wall Street Journal, 32% das adolescentes do sexo feminino na pesquisa disseram que quando se sentiam mal com seus corpos, o Instagram as fazia se sentir pior.
\nA rede Fox News informou esta semana que o informante por tr\u00e1s do documento vazado pretende revelar sua identidade e que vai cooperar com o Congresso.
\nIsso acontecendo ou n\u00e3o, o fato de o Facebook n\u00e3o ter compartilhado seus pr\u00f3prios estudos detalhados sobre os danos que suas plataformas causam est\u00e1 dando aos pol\u00edticos americanos muito o que pensar.
\nV\u00eddeos: tire d\u00favidas sobre vazamentos de dados <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"