Orkut Büyükkökten, o engenheiro turco que deu nome à famosa rede social Orkut, expressou sua preocupação com o boato de que as redes sociais tomaram na última década. Em entrevista ao Estadão, ele refletiu sobre o impacto negativo dessas plataformas na sociedade, destacando problemas como desinformação, polarização e manipulação da saúde mental. Segundo ele, as redes sociais se tornaram tóxicas, prejudicando especialmente as crianças e a geração Z.
O encerramento do Orkut pelo Google há dez anos marcou o início de uma era em que as redes sociais passaram a priorizar algoritmos e monetização, em detrimento da experiência do usuário. Büyükkökten criticou a falta de moderação adequada e a forma como líderes como Elon Musk e Mark Zuckerberg gerenciam suas plataformas, acusando-os de priorizar lucro sobre o bem-estar social.
Büyükkökten relembrou os últimos dias do Orkut, quando a rede social contava com mais de 300 milhões de usuários, mas não era uma prioridade para o Google. A decisão de encerrar o Orkut foi parte de uma estratégia para promover o Google Plus, que acabou não decolando. Ele lamentou a execução ruim dessa transição, que levou muitos usuários a migrarem para outras plataformas.
A moderação de conteúdo é um ponto crucial para Büyükkökten, que acredita na combinação de tecnologia, comunidade e moderadores humanos para garantir um ambiente saudável. Ele criticou a abordagem de Musk no Twitter, que dispensou moderadores, e destacou a importância de combater a desinformação, especialmente durante a pandemia de covid-19.
Desde o fim do Orkut, o cenário das redes sociais mudou significativamente. O consumo migrou para smartphones, e o foco passou de interações significativas para a rolagem passiva de feeds. O surgimento de vídeos e a mediação de conteúdo por algoritmos, que priorizam engajamento e monetização, desenvolvem para a divulgação de ódio e desinformação.
Büyükkökten expressou preocupação com o uso das redes sociais para corromper as democracias, afirmando que as plataformas atuais são administradas por pessoas que buscam apenas dinheiro e poder. Ele defende que as redes sociais deveriam focar na felicidade e na criação de comunidades saudáveis, como era o caso do Orkut.
Apesar do cenário atual, Büyükkökten vê esperança no futuro das redes sociais. Ele acredita que líderes comprometidos com um futuro melhor podem reverter a situação. Para ele, é essencial promover interações reais e apoiar o jornalismo de qualidade. Ele também sugere medidas como aumentar a idade mínima para uso de celulares e proibir seu uso em escolas.
Por fim, Büyükkökten revelou que está trabalhando em uma nova rede social, focada em comunidade e conexão, mas ainda não anunciou oficialmente o projeto. Ele espera que essa nova plataforma possa oferecer uma alternativa positiva às redes sociais atuais, promovendo interações atuais e saudáveis.